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123 milhas: Empresa usou contabilidade criativa para fraudar clientes

A 123 Milhas, especializada na venda de passagens via milhas aéreas, enfrentou alegações de operar como uma pirâmide financeira, usando recursos de novas vendas para atender clientes antigos

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras disse que a 123 Milhas utilizou contas bancárias de familiares e empréstimos para maquiar contabilidade e esconder rombo financeiro.

O escândalo envolvendo a empresa 123 Milhas reflete os riscos associados a modelos de negócios que não são sustentáveis e a práticas empresariais fraudulentas. As pirâmides financeiras (ou esquemas Ponzi) são modelos que prometem retornos financeiros elevados e rápidos, mas dependem da entrada contínua de novos participantes para pagar os retornos prometidos aos membros anteriores. Esses modelos são insustentáveis porque, eventualmente, fica impossível encontrar novos participantes para sustentar os pagamentos.

O relatório da CPI fornece evidências de que a 123 Milhas pode ter utilizado táticas semelhantes a um esquema de pirâmide.

A empresa chamou atenção ao interromper a emissão de bilhetes aéreos e, em seguida, apresentar um pedido de recuperação judicial. Se as alegações forem verdadeiras, os responsáveis podem enfrentar sérias consequências legais.

Os detalhes do relatório, como a alocação de uma “quantia bilionária” para publicidade a uma agência de capital tão baixo e o fato de que a agência estava registrada em nome do pai dos sócios-fundadores, aumentam as suspeitas sobre a integridade dos negócios da empresa.

O Banco do Brasil também pode ter falhado, tendo em vista as alegações de que “dezenas de milhões de reais” foram disponibilizados para a 123 Milhas e acabaram sendo desviados.

O indiciamento recomendado pela CPI é apenas uma etapa no processo legal.

O Ministério Público Federal terá a responsabilidade de decidir se deve abrir inquéritos com base nas recomendações.

Se o MPF decidir prosseguir, o caso entrará na justiça, e os envolvidos terão a oportunidade de se defenderem das acusações.

O incidente com a 123 Milhas serve como um lembrete para os consumidores e investidores de que é fundamental realizar pesquisas e avaliações cuidadosas ao se envolver com empresas ou modelos de negócios que oferecem retornos que parecem ser bons demais para ser verdade. Em muitos casos, infelizmente, eles são.

Relatório da CPI

O relatório da CPI, que será concluído na próxima quarta-feira (11), destacou igualmente os “múltiplos empréstimos” adquiridos pela 123 Milhas durante o período em que os sócios já estavam manipulando as informações financeiras da empresa, especialmente em relação ao Banco do Brasil.

“Dezenas de milhões de reais foram disponibilizados à 123 Milhas e acabaram desviados”, afirma o relatório.

O pedido de indiciamento feito pelo relator da CPI é feito na forma de recomendação ao Ministério Público Federal, que é responsável por decidir pela abertura dos inquéritos.

Confira a lista de nomes para sugestão de indiciamento pelo MPF:

  • Ramiro Júlio Soares Madureira;
  • Augusto Júlio Soares Madureira;
  • Cristiane Soares Madureira do Nascimento;
  • Tania Silva Santos Madureira;
  • Larissa Rodrigues Garcia Goulart Ferreira;
  • Antônia Cristina Soares Madureira;
  • José Augusto Madureira;
  • Rogério Júlio Soares Madureira.

Conheça mais sobre a 123 Milhas

A 123 Milhas é uma empresa brasileira que se posicionou no mercado como intermediária na compra e venda de milhas aéreas. Ao longo do tempo, ela tornou-se conhecida por oferecer passagens aéreas com descontos, principalmente adquirindo milhas de pessoas que desejavam vendê-las e, em seguida, usando essas milhas para emitir bilhetes para seus clientes.

A premissa básica do modelo de negócio era simples. Muitas pessoas acumulam milhas aéreas através de programas de fidelidade, mas nem sempre conseguem ou querem usá-las. Ao vender essas milhas para empresas como a 123 Milhas, elas podiam monetizar seus pontos acumulados. Do outro lado, os consumidores que buscavam por passagens aéreas mais baratas podiam adquiri-las através da 123 Milhas, que emitia bilhetes utilizando as milhas adquiridas.

Este modelo parecia benéfico para todas as partes envolvidas: os vendedores de milhas conseguiam dinheiro por seus pontos acumulados, os compradores adquiriam passagens com desconto e a 123 Milhas lucrava com a diferença entre o preço de compra e venda das milhas.

No entanto, como em qualquer negócio, era essencial que a empresa gerenciasse cuidadosamente seus recursos, garantindo que tivesse milhas suficientes em estoque para atender à demanda de seus clientes e mantendo uma contabilidade clara e transparente.

Porém, ao longo do tempo, surgiram relatos e investigações que apontaram para possíveis práticas questionáveis por parte da 123 Milhas, levantando preocupações sobre a sustentabilidade de seu modelo de negócio e a integridade de suas operações.

No geral, a 123 Milhas representou uma inovação no mercado de passagens aéreas no Brasil, mas, como acontece com qualquer negócio, a gestão adequada, a transparência e a ética são fundamentais para garantir o sucesso e a confiança a longo prazo.